sábado, 25 de setembro de 2010

É tempo das vindimas

Ano após ano, inovam-se técnicas, agilizam-se os processos, sabe-se mais do clima e do solo, mas apesar de todas as evoluções e conhecimento, os produtores de vinho entram sempre expectantes no início da vindima.

Durante vários meses as vinhas foram seguidas, fertilizadas e mais um punhado de acções, para estarem no seu melhor, numa acção que dura pouco mais de uma semana (dependendo sempre do tamanho da vinha): A apanha da uva!

O processo é muito delicado e tem de ser muito bem iniciado, pois antes de tempo a uva não está certamente no seu equilíbrio perfeito, tornando o vinho desinteressante, sem concentração de açúcar e, por sua vez, sem álcool.

Tarde demais o vinho é rico em açucares, muito alcoólico, normalmente de baixa acidez e extremamente adocicado.

Cada variedade tem o seu ponto óptimo de maturação e, consequentemente, uma data.

Escolhida a data, há vários factores a ter em conta antes de se iniciar o esmagamento. Um dos mais importantes é a selecção da uva, sendo a primeira fase ainda no local da apanha, tendo normalmente uma segunda selecção antes da entrada na adega.

Outro ponto essencial é a temperatura, pois sendo ela demasiado alta corre-se o risco de iniciar a fermentação prematuramente.

Seleccionada e com a temperatura controlada, a uva é posta em tanques/ lagares para ser pisada – muitos produtores continuam a usar o processo tradicional, em que são os homens e mulheres a esmagar com os pés, mas a grande maioria tem sistemas mecânicos que substituem o processo “pedonal”.

Deste processo resulta um suco chamado de mosto, que já está preparado para uma nova etapa: A fermentação.

A fermentação inicia-se de forma lenta com um aumento subtil da temperatura e a libertação de gás carbónico - fermentação tumultuosa, e segue-se para a fermentação lenta - dia após dia, a presença de açúcares vai diminuindo, o líquido separa-se do bagaço e das cascas, e a glucose e frutose (açúcares) transformam-se em álcool, mutando de mosto para vinho.

Agora é tempo de estagiar e para alguns vinhos a sua nova casa são os cascos de carvalho, onde permanecem vários meses a envelhecer e a criar características únicas, e outros vão para as cubas para estagiar até estarem prontos a engarrafar.
Alguns meses depois, saem dos mimos dos produtos e chegam às nossas mesas, onde os meses de preparação, vindima, estágio e engarrafamento são transformados em segundos de prazer e degustação, que na mente podem durar uma eternidade.

A festa pré-vindimas

Mas nem tudo é stress, alguns produtores fazem uma festa antes de começarem a vindimar, onde combinam três factores muito interessantes: a apresentação dos novos engarrafamentos e vinhos prontos a consumir, um jantar onde se pode fazer a combinação eno-gastronómica, e uma festa pela noite dentro com muito vinho do Porto para desanuviar os pensamentos. E, por umas escassas horas, divertem-se antes de passarem para a dureza da vindima.

Estou a falar de cinco produtores do Douro que se uniram não só para criar um grupo sólido de amizades, mas principalmente para divulgar os vinhos de mesa do Douro e os nossos muito apreciados Portos por este mundo fora: Os Douro Boys.
São eles o Dirk Niepoort da Niepoort, Francisco Olazabal da Quinta do Vale Meão , Cristiano van Zeller da Quinta do Vale Dona Maria, Tomás Roquette da Quinta do Crasto e Francisco Ferreira da Quinta do Vallado.

Este ano evidenciaram os lançamentos de: Brancos - Quinta do Crasto (Crasto), Van Zellers e VZ Douro (Van Zeller), Tiara, Redoma e Redoma Reserva (Niepoort) e Reserva, Valado e Moscatel Galego (Vallado). Tintos - Douro 2009, Vinhas Velhas 2008 e Superior 2007 e 2008 (Crasto), Van Zellers Rufo 2008, Quinta Vale D. Maria 2008 e Curriculum Vitae 2008 (Van Zeller), Redoma 2008, Batuta 2008 e Charme 2008 (Niepoort), Douro 2008, Reserva Field Blend 2008 e Touriga Nacional 2008 (Vallado), Meandro 2008 e Quinta do Vale Meão 2008.

Durante a apresentação ainda deu para provar grandes Portos: Crasto LBV 2006, Niepoort Vintage Pisca 2007, Crasto Vintage 2008, Vale Meão Vintage 2008, Vallado Tawny 10 anos, Quinta do Vale D. Maria VZ Tawny 10 Anos.
Quero realçar que ainda se provaram o Van Zellers Reserva 2008, Vertente 2008, Sousão e Adelaide 2008 do Vallado e um fantástico Porto Niepoort Colheita 2001.
Todos estes vinhos, depois da prova, tiveram direito à companhia das criativas e regionais obras do Chefe Rui Paula, que deram uma perspectiva gastronómica a uma degustação que jamais será esquecida.

Aguardamos agora os relatórios das vindimas, as novas amostras, e um excelente ano de vinho. E para o ano há mais!

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 6 de Setembro de 2010

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